História do Motociclismo

(autor desconhecido)

As origens do veículo mais fascinante de todos os tempos

  

Todos nós devemos muito a esse cidadão aí em cima. O nome dele é Gottlieb Daimler, ele viveu entre os anos de 1834 e 1890 e... inventou a motocicleta!

Para chegarmos às verdadeiras fontes do motociclismo, é indispensável um passeio pela Europa do século XVIII, época de nobres e aristocratas ávidos por passatempos modernos, um ambiente favorável aos mais variados tipos de invenções. Muitas delas eram pura vigarice, pedras de gelo do Pólo Norte, árvores do dinheiro e outras enganações do gênero. A luz verde do transporte em duas rodas acendeu primeiro na França, em 1790, quando o criativo (e riquíssimo) Conde de Sivrac uniu duas rodas do mesmo tamanho por meio de uma pequena tábua de madeira, onde o "condutor" sentava. O movimento era dado apoiando alternadamente os pés no chão. O estranho veículo, batizado de celerífero, foi sucesso imediato e logo virou mania, especialmente entre a "jovem guarda" da ocasião, apesar das dificuldades para apontá-lo na direção desejada...

 

 

 

Aí está uma réplica da Draisiene, o primeiro veículo bípede da história, inspiração para Otto, Daimler e seus asseclas, que "só" tiveram o trabalho de colocar o motor...

 

Em 1817, outro nobre, o alemão Barão Drais aperfeiçoou o celerífero, instalando um eixo vertical e um "garfo" na roda dianteira, o que permitia "guiar’ o engenho. Ele rebatizou o veículo como Draisiene, e vendeu muitas unidades da sua versão "franco-alemã" da bicicleta. Logo depois apareceu o biciclo, um primitivo velocípede, outra tentativa de invenção do Barão Drais, com roda traseira de diâmetro diferente, para que a rudimentar pedalada rendesse mais impulsão ao veículo.

Cinqüenta anos mais tarde, o inglês Lawson (seria um ancestral do norte-americano Eddie Lawson?) inventa a transmissão por corrente e o selim (ufa!), ao passo que em 1885 é lançada a lendária Rover, de J. J. Starley, a grande sensação entre os poderosos da Europa. Reis, rainhas e imperadores não dispensavam um "rolé" de Rover, um brinquedo caro, mas de grande potencial como meio de transporte, especial- mente na descida...

 

 

 

Uma Roper a vapor de 1869. Difícil deveria ser andar na garupa...

 

No século XIX, em plena era industrial, a engenharia européia tentava de tudo para motorizar o biciclo (ou qualquer coisa que se movesse). Os motores já existiam, mas eram estacionários, enormes e de funcionamento precário. Os propulsores "funcionavam" tendo como "combustível" a pólvora, ar comprimido, eletricidade (com baterias) , acetileno, corda (tipo relógio), a gás ou a vapor. Eram engenhocas gigantescas, impróprias para montagem em veículos, a tração animal ainda era o meio de transporte do momento...

 

 

 

Como tudo começou

 

O alemão Gotlieb Daimler pode ser considerado o "pai do motociclismo". Ele nasceu em Cannstatt, perto de Stuttgart, e desde pequeno mostrou uma inclinação especial para os desafios da engenharia mecânica. Depois de se formar, Daimler passou a trabalhar na Gasmotoren-Fabric Deutz, dirigida pelo famoso engenheiro Nikolaus Otto, o inventor do motor de ciclo Otto. Daimler tinha projetos diferentes em mente, o que desagradou o patrão, que o pôs no olho da rua, mesmo pagando grande indenização.

 

 

Uma panorâmica da primeira oficina de motos de todos os tempos, na verdade a garagem de Gottlieb Daimler...

 

Essa verba permitiu que Daimler passasse a pensar exclusivamente em seus inventos. Daimler convenceu seu ex-colega de Deutz, Wilhelm Maybach a trabalhar com ele em uma oficina improvisada no quintal da sua casa em Cannstatt. Já em princípios de 1855 surgia a primeira criação conjunta, um motor de 264 centímetros cúbicos com meio cavalo de força a 500 rotações por minuto, dimensões inéditas para o que se fazia até então. Esse motor, denominado carrilhão, era movido a gás, mas Maybach desenvolveu um flutuador de carburador, introduzindo a gasolina como combustível.

Mas na época, ninguém usava gasolina, o risco de explosões era enorme, o que levou a dupla de inventores a informar que o carrilhão era movido a gás e petróleo, o que evidentemente não correspondia à realidade. Depois de alguns estragos, e para a alegria da vizinhança, o motor passou a funcionar bem. O próximo passo era adaptá-lo num veículo. Foi aí que se pensou no biciclo, veículo que se adaptava muito bem à situação , além de ser de fabricação simples, prática e barata; o dinheiro da indenização da Deutz estava chegando ao fim...

 

 

 Um propulsor Dedion Bouton, o precursor de todos os motores de motocicletas conhecidos.

 

 

Em 29 de agosto de 1885, Daimler obtém o registro número 36.423, no Departamento Imperial de Patentes. Seu invento, batizado de Einspur, mais se parecia com um biciclo para crianças, com o tradicional chassis de madeira rodas de apoio. Mas o que mais chamava a atenção era o motor, que gerava 0,5 cavalos de força a 600 rotações por minuto. Em novembro daquele ano, o teste final do novo veículo, que percorreu os três quilômetros que separam a cidade de Cannsttat da vizinha Unterturkheim em meia hora, a uma velocidade média de 6km/h. Com o sucesso do teste, Daimler e Maybach deram por cumprida sua missão de locomover um veículo mediante o uso de motor.

Ao que consta, Daimler nunca teve em mente um modelo específico de veículo. Depois da aprovação do motociclo, seus pensamentos dedicaram-se ao aproveitamento do motor para a locomoção aérea e marítima, acabando por fixar-se no desenvolvimento de um veículo de quatro rodas, o embrião do automóvel. Ainda hoje pode ser visto um exemplar réplica do primeiro motociclo, em exposição permanente no Museu de Munich.

   

A Orient, a primeira motocicleta fabricada nos EUA.

 

O projeto do motociclo teve que ser, por assim dizer, "reinventado" em 1894, pelos alemães Heinrich Hildebrand e Alois Wolfmuller. Foram eles que empregaram, pela 1a vez, a expressão "Motor Rad" ("Roda Motorizada"). No prospecto de apresentação do 1o motociclo fabricado em série, os inventores anunciavam, orgulhosos: "Em testes especiais, é possível elevar a velocidade a uns 60 km por hora. Mas quem ousaria andar a tal velocidade?" E de fato, inicialmente foram poucos os compradores do Motorrad, que com uma cilindrada de 1500cc, já desenvolvia uma potência de 2 cavalos de força.

O novo veículo tinha alguns problemas crônicos, como a ignição, que freqüentemente falhava em plena marcha. Só mais tarde é que a ignição por tubo incandescente foi substituída pela magnética, melhorando substancialmente o rendimento do veículo. Mas a essa altura a fábrica tinha que pagar uma série de empréstimos anteriores, e os sócios acabaram fechando as portas, em 1897.

Mas naquele mesmo ano, os Werner, irmãos franceses que seguiram os passos dos engenheiros alemães, decidiram tentar a sorte no nascente mercado das Motorrad. Foram os Werner que criaram a expressão motocyclette, batizando o 1o motociclo fabricado fora da Alemanha. O sucesso imediato despertou o interesse de outros engenheiros e inventores, impulsionando o novo segmento. Com amplo apoio do governo, surge, ainda em 1897, a marca italiana Bianchi.

Os ingleses se apaixonam pelo motociclo e organizam a primeira corrida, batizada de Motorcycle Scrambles, que aconteceu no dia 29 de novembro de 1897 em Surrey, subúrbio de Londres (a modéstia me impede de dizer que estive perto de participar dessa prova, na categoria Senior...). Era o nascimento do motociclismo de competição, em seus anos mais românticos.

 

Um raríssimo flagrante: Fausto Macieira nos treinos livres para a Motorcycle Scrambles. Infelizmente a imensa correia de seu protótipo rompeu e nem na oficina de Gottlieb Daimler havia uma sobressalente...

 

No ano seguinte, os ingleses, todo poderosos de então, entram no novo mercado para valer. O engenheiro James Norton lança sua própria marca, a Norton, que ficaria famosa ao vencer a primeira prova de motovelocidade no lendário "Tourist Trophy", circuito de estrada da Ilha de Man, na costa da Inglaterra.

A estes pioneiros do motociclismo os nossos entusiasmados agradecimentos, pela criação de tão maravilhoso engenho. Os ingleses têm um ditado sobre a motocicleta: "If there is anything better than a motorbike, God must have kept for him in heaven" (Se existe algo melhor do que a motocicleta, Deus guardou-o para seu uso no céu).

  

 Os primeiros tempos da motocicleta não eram nada fáceis...

 

Paralelamente aos primórdios da motocicleta, outras invenções que foram aparecendo muito contribuíram para que ela (e também o automóvel) se desenvolvesse. Assim, em 1887, um tal JohnBoyd Dunlop, veterinário escocês, preocupado em melhorar as vibrações das rodas (de madeira) do triciclo do seu filho, imaginou uma espécie de sobre roda, feita de um tubo de borracha oco, a prendeu na roda com uma embalagem de tela e a encheu com uma bomba de ar. Era o nascimento do pneu, tendo um veterinário como pai. Como diriam os lutadores de vale tudo, esse John B. Dunlop era o bicho! Dunlop patenteou o invento em 1888, voltado para a bicicleta, mas ao montar sua indústria verificou que um inventor chamado R. W. Thompson já patenteara algo semelhante, nos idos de... 1846! Apesar das dificuldades, a fábrica Dunlop de Pneus seguiu em frente e atualmente é um dos maiores fabricantes de pneus do mundo, ainda que sob o controle japonês...

Na França, os irmãos Michelin também contribuíram para o rápido aperfeiçoamento dos pneus. Corria o ano de 1889 e eles trabalhavam numa tecelagem , quando lá apareceu um ciclista com ambos os pneus destruídos. Naquela época os pneus (Dunlop) eram fixos, presos à roda por meio de tiras de pano, que se rompiam facilmente com as irregularidades do caminho. Para recostara-las eram necessárias mais de 3 horas, fora o tempo de secagem. Era urgente a invenção de um sistema de reparo que demorasse apenas uns poucos minutos.

 

  O cartaz de um megaevento da época...

 

 

Os irmãos Michelin estudaram com profundidade o problema, e 3 meses mais tarde construíram um pneu que se fixava ao aro através de 17 cavilhas, bastavam cerca de 15 minutos para ser desmontado e substituído. O novo pneu foi testado na 1a grande prova de velocidade ciclística, em 1891. O vencedor percorreu incríveis 1208 quilômetros, em 71horas e 30 minutos, com 8 horas de vantagem sobre o 2o colocado, um dos melhores ciclistas da época. Para manter os concorrentes acordados durante o inacreditavelmente longo percurso, os treinadores soavam enormes campainhas junto aos seus ouvidos...

Animados, os irmãos Michelin organizaram uma corrida de Paris a Clermont Ferrand, e para demonstrar a eficiência do seu produto, espalharam secretamente na estrada uma grande quantidade de pregos. Foram ao todo 244 furos, reparados em menos de 3 minutos, na média. Reparem que já naquela época existiam organizadores de corridas movidos por outros interesses que não a esportividade... mas os pneumáticos desmontáveis tinham provado de uma vez por todas que haviam chegado para ficar.

Com os progressos da engenharia, fábricas de motos proliferavam por todos os lugares. Antes da virada do século, as inglesas Ariel (1893), Royal Enfield (1898) e Matchless (1899), disputavam espaço com a belga(?) Sarolea (1898) e as francesas Clement (1898) e Peugeot (1899). Os alemães entram na briga com a NSU (1901), e em 1903 surge a lendária Harley-Davidson, um ícone do motociclismo norte-americano que influenciou muitas gerações de motociclistas.

  

Uma Puch dos anos 20

 

A maioria das marcas do início do século 20 era produzida de forma artesanal, e muitas acabaram fechando as portas por conta das guerras e dos rigores da florescente economia internacional. Uma das histórias mais interessantes é a da inglesa Brough-Superior, conhecida como o Rolls-Royce das motos, classificação que deu origem a um processo judicial da Rolls, que depois o retirou espontaneamente, satisfeita com o alto nível da B. Superior e com a associação de conceitos com seus automóveis. O famoso oficial inglês Lawrence da Arábia, depois de uma vida super perigosa e atribulada, veio a falecer num acidente com uma dessas, no quarteirão da sua mansão nos arredores de Londres. Aficcionado por motos, ele possuía outras 6 motos da marca.

Em 22 de dezembro de 1904 surge a Federação Internacional de Motociclismo – FIM, mas foi somente no pós guerra que começaram a ser disputados os campeonatos mundiais de motociclismo, modalidade velocidade, categorias 125, 250, 350, 500 e side car 500cc, no ano de 1949. No motocross, o torneio das nações aconteceu pela 1a vez em 1947, e 10 anos mais tarde, o 1o mundial de cross, na categoria 500cc, vencido pelo sueco Bill Nilsson. O maior campeão da história do motociclismo é o italiano Giacomo Agostini, com 15 títulos mundiais, 7 na extinta categoria 350cc e 8 na 500cc.

 

A estranhíssima Millet, a tataravó da RCV 211 V, uma pentacilíndrica como ela...

 

Em 52 anos de mundial de motovelocidade, os pilotos brasileiros conseguiram 6 vitórias, a 1ª em 1973, no GP da Espanha, em Jarama, com Adú Celso Santos, na categoria 350cc, com Yamaha, e as demais com Alexandre Barros (1 com Suzuki e 5 com Honda), que além dos 5 topos, tem mais 16 pódios e 3 poles. Já no motocross, os brasileiros jamais venceram uma prova ou conquistaram posições de destaque.

Hoje a motocicleta está em todos os lugares, com uma infinidade de modelos, cores e tamanhos. O Brasil é o 3º maior mercado motociclístico do planeta, e poderia ser ainda mais forte se fabricantes, dirigentes e usuários de motos e equipamentos fossem mais conscientes de seus papéis no mundo motociclístico.

As coisas acontecem de forma meio casuística por aqui, mas isso não ocorre só no segmento das duas rodas. As motos surgiram no século 19, atravessaram o século 20 e seguem firmes século 21 adentro, provando a cada dia que são muito mais que um simples veículo, elas representam um jeito diferente de se viver. Agora mesmo, nesse presente momento, elas cruzam as ruas de São Paulo, as areias do Teneré, as planícies da China ou as neves da Finlândia, desempenhando as mais diversas atividades. Isso não é virtual, é realidade. Legal né!!! 

 

 

Ricos, famosos e... motociclistas!

 

A turma do Mundomoto, sempre em busca de curiosidades para os nossos internautas, garimpou na rede informações sobre várias personalidades dos mais diferentes setores, mas que tinham algo em comum. E não é marca de cigarro jazzístico não, essa rapaziada, sem distinção de cor, sexo e religião, se ligava em motocicletas, nossa paixão eterna. Aí vai uma primeira relação de pessoas ricas e famosas nas suas atividades, mas que não dispensavam um rolé sobre duas rodas...

 

Lawrence da Arábia e uma de suas Brough Superiors. Tanto piloto quanto montaria se transformariam em lendas.

 

 

T.E. Lawrence

Mais conhecido como Lawrence da Arábia, pelas façanhas no deserto, onde muitas vezes agiu contra recomendações do governo inglês, durante a 1a Guerra Mundial. Ídolo dos árabes, Lawrence enfrentou perseguições ao longo de toda a sua carreira militar, mas acabou escrevendo seu nome ao lado dos grandes personagens da história moderna. Ele foi também um ardente motociclista, possuindo sete motos da marca Brough Superior, chamada na época de "Rolls Royce das motocicletas", o que gerou um processo da famosa marca, que acabou desistindo ao confirmar as qualidades da Brough. Foi numa Brough Superior que Lawrence morreu, ao dar uma volta pelos arredores da sua mansão perto de Londres. Os jornais da época fizeram uma tremenda propaganda contra o motociclismo, imaginem um herói de guerra que sobreviveu aos horrores dos bárbaros árabes morrendo dessa forma. Uma semana depois entregaram na casa do falecido sua última aquisição em vida, mais uma Brough, a oitava da coleção particular de Lawrence.

   

A confortabilíssima posição de pilotagem da Curtiss V8 de Sir Francis.

 

Sir Francis Chichester

 

Renomado iatista inglês, Chichester era também piloto de aviões, fazendo história numa sucessão de vôos solitários nos primórdios da aviação. Antes de alçar vôo ele foi caixeiro viajante na Nova Zelândia, cruzando o país de motocicleta, é claro...

Seus principais feitos foram o vôo Londres-Sydney (23,297km) solitário em 41 dias e 182 horas de viagem, em 1929 e a primeira travessia solitária através do mar da Tasmânia, saindo de Auckland e chegando em Jervis Bay, Austrália, em 1931.

Cichester recebeu o título de Sir e seu nome está no Hall da Fama dos grandes exploradores do século XX. São dele as palavras "Para um homem de imaginação, um mapa é uma janela para a aventura. A vida se resume a uma aventura e nada mais." Cichester morreu em 1972, aos 70 anos.

 

Ronald Dahl

 

Respeitado escritor de livros infantis e mais conhecido pelas histórias da série de tevê Histórias Misteriosas (Tales of the Unexpected). Foi piloto da Força Aérea na 2a Guerra Mundial e o motociclismo sempre fez parte da sua vida cotidiana, como atestam seus livros Boy (Menino) e Going Solo ( Indo Sozinho)

 

King George VI

 

O rei teve uma Douglas 350cc quando cursou a universidade e chegou a patrocinar um amigo piloto de motovelocidade numa prova em Brooklands, mas apesar de gostar muito do motociclismo esportivo, nunca chegou a competir em esportes automotores.

   

O cartaz do mais célebre filme de George Formby, onde ele cantava uma música chamada "Riding at the TT Races".

 

 

George Formby

 

Popular ator de musicais e filmes na Inglaterra da década de 40, George era famoso por cantar paródias bem humoradas dos sucessos do momento. Um de seus melhores trabalhos chamava-se Sem Limites, que passava todos os anos durante as atividades da célebre corrida Tourist Trophy , na Ilha de Man. No filme, George vivia um corredor de motocicletas que pilotava uma AJS modelo 7R de 750cc, moto cheia de tecnologia para a época. Na vida real, George, octogenário, não abre mão de conduzir sua Norton 500cc OHC single sports model. Bacana né!

 

Sir Ralph Richardson

 

Sir Ralph foi um famoso ator inglês. Ele sempre optou por motos inglesas, AJS e Norton. Nos últimos anos Sir Ralph trocou sua Norton Dominator por uma BMW, mas jamais deixou de ser motociclista. Morreu no final dos anos oitenta.

 

 Certamente o mais famoso motociclista do cinema, Steve Mcqueen dispensava os doublés quando a cena envolvia duas rodas...

 

 

Steve McQueen

 

Grande ator norte-americano, estrelou inúmero filmes de ação e aventura que marcaram época no cinema, como Bullit, Fugindo do Inferno, 24 Horas de Le Mans, Papillon e muitos outros. Steve era um excelente motociclista, competiu pelos EUA no ISDE, a Copa do Mundo do Enduro, pilotando uma Triumph 650cc no início dos anos sessenta, possuía uma grande coleção de motos antigas, especialmente a Indian, marca preferida pelo ator. Casado com a atriz Ali McGraw, McQueen gostava de dispensar dublês e fazer ele mesmo as cenas perigosas, como o incrível vôo sobre a fronteira com a Suíça em Fugindo do Inferno, um dos seus melhores papéis em Hollywood.

Praticante regular do motocross, Steve participou, junto com os craques Malcolm Smith e Mert Lawill do lendário On Any Sunday, o primeiro filme documentário sobre motociclismo feito nos EUA, dirigido por Bruce Baron. Steve competiu e foi garoto propaganda da primeira safra da Honda CR 250, nos idos de 1972. Sua atuação em favor do motociclismo ajudou a solidificar e divulgar o esporte não só nos EUA, mas em todo o mundo. Steve morreu em 1980, aos 50 anos de idade, vítima de câncer, o que não deixa de ser uma ironia, pois Steve McQueen era o garoto propaganda preferido dos cigarros Camel. Sua coleção de motocicletas foi leiloada em Las Vegas em 1984. Mais de cem motos foram vendidas, inclusive as avariadas por Steve em incontáveis tombos nas corridas de cross e deserto.

 

George Orwell

 

George Orwell era o pseudônimo de Eric Blair (1903/1950), escritor de vários livros de sucesso, dentre os quais se destaca o sombrio 1984, que criou a sinistra figura do "Grande Irmão", referência aos governos arbitrários em geral. . Ele andava numa austera Royal Enfield 350cc enquanto perambulava pela Europa buscando material para seus romances anti-totalitários.

 

Glenn Curtiss

 

Glenn Hammond Curtiss (1878/1930) foi um aviador e inventor norte-americano. Em 1907 ele pilotou uma motocicleta com motor V8 inteiramente projetado por ele mesmo a uma inédita velocidade de 136 mph ( cerca de 215 kmh), numa praia da Florida (na areia, é mole!), ganhando um prêmio em dinheiro e o título de "Mais Rápido Homem Vivo". Seu envolvimento com a aviação começou quando ele pilotou sozinho um avião com motor Curtiss sem nenhuma orientação prévia. No final de 1907 ele fundou, junto com outro craque das invenções, Alexander Graham Bell (inventor do telefone, não do capacete Bell...) a Associação Aérea Experimental Americana.

Em 1908 Curtiss ganhou outro prêmio, por ter conseguido voar em linha reta por mais de um quilômetro. No ano seguinte ele venceu o Encontro Internacional de Aviação, em Reims, França, pilotando um avião desenhado por ele mesmo e equipado com um motor Curtiss, é claro. Logo a seguir, o inquieto Curtiss passou a fabricar primitivos hidroaviões e aerobarcos. Em 1919 seu Curtiss NC-4 se tornou o primeiro avião a cruzar o Oceano Atlântico. Esse exemplar se encontra exposto no museu de Ormond Beach, Florida.

 

Jennifer Patterson

 

 

A estrela da série "Duas Gordas de Talento", que passa às sextas feiras no People and Arts (NET), junto com a amiga Clarissa Dickson Wright. Jennifer teve uma infinidade de motos e Scooters durante a vida, apesar de no programa pilotar sempre uma Triumph 650cc Boneville, rodando por vários recantos da Inglaterra, abordando a culinária com espírito de diversão. Ela morreu em 10 de agosto de 1999, dia da festa de são Lourenço, santo padroeiro das guloseimas. Jennifer deixou saudades e muitos fãs pelo mundo afora, motociclistas ou não.

 

A experiência sobre duas rodas do General Eisenhower se limitou a seus tempos de exército.

 

 

Dwight D. Eisenhower

 

O Presidente dos EUA no pós guerra testou motocicletas através dos EUA em seu período como pesquisador militar, mas não chegou a ser um verdadeiro motociclista pois deixou de pilotar quando saiu do exército.

 

Douglas Bader

 

Douglas "Pernalonga" Bader foi um ás voador inglês durante a 2ª Guerra Mundial. Quando se alistou na Força Aérea, ele já era motociclista. Na sua biografia "Reach for the Sky" (Alcançando o Céu) ele conta que voltava de um bar para o quartel com mais 3 amigos em uma só moto e foi parado (e preso) pela polícia. Ele sofreu um grave acidente com uma Bristol Bulldog e perdeu ambas as pernas antes da guerra começar, mas ainda assim foi convocado pela RAF (Força Aérea Britânica) para combater nos céus da Europa.

O líder de esquadrão Bader foi abatido em combate e capturado pelos alemães. Ele perdeu uma das suas pernas mecânicas no acidente, pois ficou preso no cockpit e teve que cortá-la. Cerca de 1 mês depois, durante uma missão de bombardeio, seus amigos pilotos sobrevoaram o campo de concentração e jogaram uma perna sobressalente para ele. Mesmo sem possibilidades de andar com rapidez, "Pernalonga Bader" tentou fugir por 3 vezes, e foi transferido para o temível Stalag 13, onde ficou encarcerado até o final da guerra.

 

 

 

Aventureiro na terra e no ar, Howard Hughes chegou a construir uma moto na garagem de casa...

 

 

Howard Hughes

 

O famoso ator, roteirista e diretor americano produziu um filme nos anos 30 chamado Hell’s Angels, um épico sobre os pilotos da RAF na 1a Guerra Mundial. O mesmo nome foi adotado pelo esquadrão de B 17’s durante a 2a Guerra Mundial e pelos esquadrões do American Volunteer Group, também chamado de "Flying Tigers", na China. Mais tarde, o grupo de motociclistas norte-americanos que cultuam as motos Harley Davidson utilizou o mesmo nome. Aliás, Arvid Olsen, um dos fundadores dos Angels, era líder de esquadrão..

O criativo Hughes, em sua juventude, construiu uma motocicleta com peças tiradas de um motor a vapor do seu pai. Hughes gostava de pilotar no deserto sem destino aparente. Num filme de início de carreira, Hughes e Jason Robards aceleram deserto afora, Hughes toma um capote e é resgatado por uma ambulância. Quando os caras removem o capacete, um inédito Hughes cabeludo reclama da dor. Será que o Howard Hughes era parente do Ryan Hughes? Os artistas Clark Gable e Sammy Davis Junior também foram motociclistas, mas não temos maiores informações sobre essa faceta da personalidade deles.

 

 

Hussein: Rei por imposição e CHIPS por opção...

 

Rei Hussein da Jordânia

 

O jornal norteamericano San Francisco Chronicle publicou, em 22 de junho de 2000, que o entusiasta do motociclismo Rei Hussein deu um giro pela cidade acompanhado de policiais motociclistas da polícia de San Francisco, vestindo roupas da corporação e pilotando uma motocicleta emprestada pelo Chefe de Polícia. Legal né!

 

Príncipe William da Inglaterra

 

O queridinho das adolescentes inglesas surpreendeu positivamente ao escolher uma motocicleta como presente principal dos seus badalados dezoito anos. A coroa britânica (Rainha Elizabeth) passou mal, ameaçou cortar a mesada principesca, regateou, ofereceu Land Rovers e Rolls Royces. Felizmente, nada adiantou, o netinho acabou vencendo e faturando uma moto nacional espetacular, a Triumph Speed Triple 750cc, igual a do Tom Cruise no Missão Impossível 2. No dia 21 de abril de 2000, o rapaz foi aprovado com louvor no rigoroso exame para obter habilitação na Inglaterra e já pode circular exibindo uma placa com a letra "L" de learner driver, ou seja, motorista aprendiz. Dizem que William não pode parar em lugar nenhum, por medo de sequestro seus passeios são todos "non stop", mas a Triumph já foi vista com garupa...Será que é a tal Britney Spears????

  

Jay Leno sobre uma de suas Harleys cuidadosamente restauradas sob cuidadosa supervisão pessoal.

 

 

Jay Leno

 

Conhecido apresentador da televisão norte-americana, possui uma vasta coleção de motocicletas. Sua favorita para um passeio até sua casa de praia em Malibu, California, é uma velha Vincent. Já para os rolés mais agressivos, a opção é uma MV Agusta de 120.000 doletas...

 

 

Schwarzza foi um dos poucos motociclistas que conseguiram dar um salto à la Supercross com uma Fat Boy e viveram para contar a estória...

 

 

Arnold Schwarzenegger

 

Popularizou a Harley Davidson "Fat Boy" no filme "Exterminador do Futuro II" ( Treminator II), no início dos anos 90. Gosta de Harleys mas depois de ter sofrido um acidente com uma de suas Harleys, tem dado preferência aos jipões no estilo Hummer. Pior pra ele...

 

Ian Anderson

 

O aloprado flautista e vocalista do grupo Jethro Tull é um fanático declarado das motocicletas. Sua modalidade preferida é o trial, praticado nas belas paisagens escocesas, com seus amigos de rock`n roll. Anderson disse gostar de subir no alto de uma colina para compor , segundo ele, as motos são uma excelente fonte de inspiração. Concordamos plenamente, mas a pergunta não quer calar: onde será que ele guarda a flauta nessas andanças campônias...

 

Ann Richards

 

Ela governou o estado do Texas antes de George W. Bush. A governadora tem uma Harley Davidson totalmente branca, mas raramente anda na sua moto, é mais para dar um ar (marqueteiro) de moderninha...

 

 

É ele mesmo! Mr. Bob Dylan dando um passeio com sua Triumph Bonneville nas cercanias de Woodstock. Mais histórico impossível...

 

Bob Dylan

Lembram do super álbum dos anos 60 Nashville Skyline em parceria com o folk singer Johnny Cash? Pois é, o disco representou uma guinada na vida pessoal do bardo judeu/americano depois de um acidente de moto perto de Woodstock, New York. O acidente aconteceu em 29 de julho de 1966 e Bob pilotava uma Triumph Boneville 650, máquina que aparecia estampada na camiseta que ele usou na foto da capa de seu disco Highway 61.

Oliver Sacks

Neurocirurgião, autor do livro Awakenings, que deu origem ao filme "Tempo de Despertar", estrelado por Robin Williams e Robert de Niro, sucesso no mundo inteiro. O dr. Sacks tem uma BMW.

 

Os Brasileiros Famosos...

 

Rolim Amaro

O Comandante Rolim, fundador da empresa de aviação TAM era um motociclista "militante". Foi dono de motos de grande cilindrada como a Honda Gold Wing e a Yamaha Royal Star, além de uma impecável Harley Davidson. Em sua agenda anual há sempre um período de férias sobre duas rodas pelas estradas mais famosas do planeta, como a Rota 66 e a rodovia Transalpina. Pouco antes de morrer em um acidente aéreo, Rolim ainda teve tempo de rodar a América do Sul à bordo de uma BMW. Eis um homem que soube curtir sua passagem aqui no nosso planeta...

Celso Fontenelle

O presidente da OAB carioca é motociclista de longa data. Octogenário, o dr. Fontenelle já não vai diariamente ao Forum com sua impávida Honda CBX 150 Aero, mas não deixa de elogiar as super máquinas de advogados abastados e reclamar dos causídicos inconscientes que não usam capacete...

Fernando Collor de Mello

O ex-presidente "impeachado" da República sempre foi fã das duas rodas. No exercício da presidência Collor causou polêmica ao acelerar uma Kawasaki Ninja ZX11 de 1100 cm3 (que pertencia ao deputado Cleto Falcão) até 200 km/h nas cercanias da Casa da Dinda, sua residência oficial em Brasília, o que lhe valeu um puxão de orelhas público da sua mãe, Dona Leda. Quando deixou (ou "foi deixado...") o Distrito Federal em 1992, Collor levou entre seus pertences uma singela Honda NX 150cc, na certa para mostrar que aquela história de enriquecimento ilícito era intriga da oposição. Hoje, depois de tomar uma lavada nas urnas em Alagoas, deve estar esfriando a cabeça aloirada em rolés de moto pelas belas praias da região...

 

Jô Soares nos (bons) tempos em que não renegava o motociclismo...

Jô Soares

O apresentador e humorista José Eugênio Soares é um ex-motociclista declarado, em decorrência de 2 acidentes sucessivos num trecho perto de sua casa de veraneio em Petrópolis-RJ. Jô teve uma fratura de braço na 1ª queda, voltou antes do tempo e acabou caindo novamente, o que o deixou abalado a ponto de romper formalmente com o motociclismo.

Suas motos prediletas eram uma apropriada Harley Davidson modelo "Fat Boy" e uma resignada Yamaha DT 180. De grande entusiasta do motociclismo, a partir dos acidentes Jô se tornou um crítico veemente das duas rodas, por puro casuísmo, diga-se de passagem...

 

 

 

Leilane (a única mulher na foto...) elém de se aventurar com sua XT 600 pelas ruas do Rio, já participou do Rallye Paris-Dakar.

 

 

Leilane Neubarth

 

Repórter e apresentadora da Rede Globo de Televisão, Leilane tem um longo e estável relacionamento com o motociclismo, especialmente o fora-de-estrada. Sua moto atual é uma Yamaha XT 600, mesmo modelo utilizado pelo marido, Olívio Petit, diretor artístico do SporTV . A família toda está optando pelo motociclismo como veículo ideal para transporte e lazer. Bela escolha!

 

João Toledo

 

O presidente e principal acionista da J. Toledo Suzuki, filial brasileira da marca japonesa sempre foi fã das motocicletas. Dos bólidos da motovelocidade às resistentes fora-da-estrada, João teve e tem um pouco de tudo. Ex-piloto de velocidade e cross, sua atual paixão é um super scooter Burgman 400. A marca? Adivinhem...

 

 

O Motociclismo Esportivo

 

No Mundo

Em 22/12/1904, é criada a Federação Internacional de Motociclismo, sendo os campeonatos mundiais só disputados a partir da 2ª Guerra Mundial. Ocorreu primeiramente em 1947, o torneio das nações e, após dez anos, o mundial de cross. O maior campeão da história do motociclismo é o italiano Giacomo Agostini, com 15 títulos mundiais.

Formada pelos países que participavam da Copa dos Motoclubes na França (Grã-Bretanha, França, Alemanha, Áustria, Bélgica e Dinamarca), a FIMC (Fédération Internationale dês Motorcycles-Clubs) começa a organizar competições internacionais, inclusive a tradicional Tourist Trophy, a prova mais antiga e tradicional do Motociclismo Internacional realizada na Ilha de Man, na Grã-Bretanha, começando no ano de 1907.

    Dessa maneira o Motociclismo ganhou popularidade e organização, se espalhando pela Europa e Estados Unidos. Em 1922 realizou-se o primeiro enduro de motos, com duração de 24 horas: o Bol d`Or na França.

    A consolidação do Esporte se deu no ano de 1949, quando a FIMC ganha muito mais adeptos dentro e fora do eixo Europa - Estados Unidos e torna-se a FIM, Fédération Internationale de Motocyclisme, entidade que dirige a modalidade até os dias de hoje, com mais de 25 competições internacionais ministradas.

No Brasil

    A História do Motociclismo no Brasil tem início em São Paulo, aproximadamente no ano de 1919. No circuito de Itapecerica, muito tradicional na época, foram percorridos 240km e o vencedor foi Guilherme Spera. A primeira corrida realizada fora de São Paulo só ocorreu em 1932, no Rio de Janeiro.

    Durante a Segunda Guerra o Motociclismo enfrenta riscos devido ao racionamento de combustíveis e a proibição da importação dessas motos (geralmente italianas). Em 1948 surge a Confederação Brasileira de Motociclismo e um ano depois acontece a sua filiação à FIM (Fédération Internationale de Motocyclisme).

    O grande trauma no Motociclismo Nacional ocorreu no ano de 1954, quando na tentativa de organizar uma competição internacional, feita por políticos paulistas, a CBM fica suspensa por um período de dez anos pela FIM. Mesmo assim o Motociclismo Nacional só volta a adquirir forças no ano de 1972, quando há uma retomada desse esporte no Brasil e de credibilidade no exterior.

 

Campeonatos brasileiros

Os campeonatos brasileiros de Motocross começaram na década de 70 e possuem, atualmente, as seguintes características: o circuito é de no mínimo 1500 metros, com obstáculos naturais (como subidas e descidas de montanhas, por exemplo). No gate, podem haver até 40 pilotos que correm em duas baterias de 40 min. Esta é uma modalidade de resistência e conjunto.

Enduro: criado na Inglaterra, o Enduro exige que os pilotos respeitem um percurso de, no mínimo, 200Km, com um tempo ideal, que apresenta vários trechos especialmente cronometrados. O vencedor será quem fizer o menor tempo. Na prova, somente o piloto poderá dar manutenção à moto e isto ocorre dentro de horários pré-determinados. Esta modalidade testa a resistência do piloto e de sua moto.

Enduro de Regularidade: criado no Brasil, na década de 80. Nele deve-se respeitar uma média horária e muitas vezes acontece dentro de matas e num percurso desconhecido, no qual o piloto é obrigado a seguir um roteiro que lhe é entregue na largada.

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