Visita à João Vargas - Porto Alegre (RS)

18-08-2004 10:38

A Colorados, Maragatos, Liberais e Conservadores:

Como a coisa por aqui estivesse meio que mal parada para o meu lado, resolvi aceitar o convite do amigão e companheiro João Vargas (Cruzando Sul M.C.), e me deixei levar pelos ventos minuanos do sul, indo aportar em Porto Alegre (RS).

A viagem correu ‘as mil maravilhas, porém sem nada que fosse digno de nota. O João Vargas foi me esperar e já me ciceroneou por parte de Porto Alegre, me conduzindo num passeio de apresentação, que na verdade foi um reencontro. E que reencontro !

Já de cara deixei minhas tralhas no apartamento do João e fomos a pé dar uma boa volta no centro da cidade e paramos para almoçar no tradicional Club do Comércio, clube e prédio repletos de história.

Penso que eu cheguei no dia certo, pois era o dia do jantar mensal do Cruzando Sul M.C., e lá fomos nós quatro com as duas motos do João. Melhor seria dizer que eu me apossei da Vulcan 750 do João e a ele sobrou uma XLX. Na minha garupa foi a Paloma, filha caçula do João, e na garupa dele foi a sua filha mais velha, a Touanda. Foi um jantar maravilhoso e muito animado, e depois houve uma reunião de eventos do motoclube. Esse jantar aconteceu no Moto Café da Duaction, uma concessionária Yamaha de Porto Alegre. Foi muito bom pois conheci gente da melhor qualidade.

No final da noite, refestelado no sofá da sala da casa do João, descobri que viajei 1200 km só para sentar sobre os óculos do índio velho. Caraca ! Amassei toda a armação dos óculos do hómi.

No dia seguinte o tempo invernou e virou para chuva, vento e muito frio. Daí fizemos uma andança pela parte central de Porto Alegre e ‘a noite fomos assistir a uma apresentação de dança flamenca no Solar das Artes, um espaço cultural público que fica ao lado do prédio onde mora o João e família. É impressionante o número de eventos culturais gratuitos que tem a cidade de Porto Alegre.

No sábado, tarde da noite, me ligou o Cláudio do Clã Destino M.C. de Porto Alegre (RS), me dando as boas vindas e se colocando ‘a disposição para qualquer coisa, pois soube que eu estava por lá. Gente fina, esse pessoal.

O Dia dos Pais amanheceu lindo, com um céu de brigadeiro apesar de muito frio. Para comemorarmos a data festiva, qua afinal era nossa também, fomos almoçar o João, a Touanda, a Paloma e eu, na sede da APAMECOR – Associação de Pais e Mestres do Colégio Rosário, uma instituição de ensino Marista onde estudam as filhas do João. Esta sede está situada no Morro de Terezópolis, onde foi oferecido um almoço comemorativo do Dia dos Pais, precedido de uma missa. Como a manhã estivesse muito fria tivemos dificuldade em fazer pegar a Vulcan do João. Demorou mas pegou, porém o piloto dela seria (e foi) novamente eu, tendo a Paloma na garupa, e vacilei deixando-a morrer. Daí foi outra grande mão-de-obra pra fazê-la pegar novamente. Mas após esse incidente tudo correi ‘as mil maravilhas. O Morro de Terezópolis tem uma vista lindíssima, e de lá de cima se avista toda Porto Alegre. Uma paisagem de encher os olhos.

No final da tarde retornamos, e o João me levou ao Parque da Redenção, ao Bonfim e ‘a Cidade Baixa, onde comprei para a Fatiminha um cachecol de R$ 1,99 .Na pergrinação pela zona central de Porto Alegre pudemos apreciar um pouco das muitas edificações muito antigas e muito bem preservadas. Também fomos ‘a Igreja de Santa Terezinha e passamos pela Igreja de Nossa Senhora das Dores.

Na segunda-feira fomos, eu e o João, a Viamão. Depois fomos na Azenha para comprarmos lâmpada para a XLX do João, protetores de manoplas e punhos para a próxima viagem ao Mercosul, e para vermos preços de capacetes. ‘A noite o João me apresentou o jogo de Bridge, que é considerado o xadrez das cartas.Para tanto fomos ‘a Federação Gaúcha de Bridge, que funciona dentro da Associação Leopoldina Juvenil, um clube associativo chiquérrimo.

Na terça-feira Saí logo cedo em vôo solo para Lajeado (RS), onde fui resolver assuntos de minha família, e emendei o itinerário até Estrela (RS) com o mesmo fim. Penso que Lajeado tenha o mais alto pecentual de motocicletas per capita do sul do país, pois o número de motos rodando e de lojas e oficinas é muito grade considerando-se o tamanho da cidade. Parabéns.

‘A noite João, Touanda e eu fomos ao cocktail de lançamento do III Concurso de Desenvolvimento de Projetos de Longa-Metragem – Prêmio Santander Cultural, que teve lugar na Usina do Gasômetro, um dos vários espaços culturais públicos de Porto Alegre. Lá o João se reencontrou com a Beth, uma amiga sua.

Na quarta-feira ‘a tarde o João me apresentou um dos campi da UFRGS em Viamão, e lá fomos ao Departamento de Matemática onde o professor João Vargas trabalha. Lá pude pilotar um computador por algum tempo, e assim me foi possível atualizar um pouco as leituras e respostas dos e-mails.

‘A noite João, Beth, Touanda, Paloma e eu fomos num jantar semanal dos motoclubes da Grande Porto Alegre, no Moto Café da Duaction. Lá, além de eu ter tido o prazer de rever e de conhecer a fina flor do motociclismo gaúcho, o João e eu tivemos a grande felicidade e a honra de encontrarmos com o Jandir, de Portão (RS), e o Rogério, de Porto Alegre (RS), amobos integrantes do Motoclube Quelônios, os quais foram ao Moto Café naquela noite especialmente para nos ver. Sinceramente, agradeço-lhes a deferência. Foi mesmo muito bom podermos ter tido a felicidade de nos encontrarmos com toda essa raça especial. Para encerrar a noite de quarta-feira, no caminho para a casa da Beth, o João me apresentou o Caracol, um declive grande e acentuado, todo em curvas reversas em cotovelo. Foi muito legal.... muita adrenalina.

Aqui cabe um comentário especial: o Moto Café é mesmo um lugar muito especial, pois é lindo, de muito bom gosto e muito aconchegante. Nos jantares motociclísticos lá é servida uma comida pra lá de gostosa, feita com carinho. Os propietários são muito simpáticos e extremamente gentis, e a freqüência é da melhor qualidade.

Na quinta-feira fui a Pelotas (RS) para ver, experimentar e negociar uma MZ 250 cc ano 1985. Segundo as más línguas e o João, eu fui mesmo a Pelotas para respirar o ar “com frescura”, e que a MZ era só desculpa. Lá chegando fui recepcionado por Dona Lucy e Sr. Walter Salazar, além de seu filho, Salazar Jr. E o Belmonte, amigo da família e um figuraça, muito querido.

Em menos de meia hora experimentei e verifiquei a tal MZ e acertamos as bases da negociação. A moto estava perfeita, muito conservada, único dono, toda original e com 3.450 km rodados. Daí bati o martelo, e ela está vindo em uma carreta. Deve chegar em um ou dois dias. Quem viver verá.

Daí fomos ao que interessava mais a todos, fomos almoçar um belo churrasco ‘a moda uruguaya, com costela em corte transversal, regado a vinho artesanal da região e saladas variadas. De sobremesa doces pelotenses, que são os melhores do país. Lá fui tratado como um nababo. Para fazermos a digestão o Sr. Salazar me ciceroneou por toda Pelotas, me apresentando os casarões do Barão de Cotegipe e de Yolanda Pereira, a primeira miss universo brasileira; o Teatro Guarany; a Catedral que tem o seu interior decorado com afrescos de Aldo Locatelli, que é também o autor dos afrescos da Catedral de Porto Alegre. Um aspecto muito particular e curioso destes afrescos é que, como o artista convivia intensamente com a sociedade pelotense, nas representações bíblicas da Catedral de Pelotas estão retratadas as feições das pessoas de sua relação, inclusive sua esposa e seu filho, numa representação de Nossa Senhora.

Interessante notar que na praça defronte ‘a Catedral de Pelotas há um busto de José Bonifácio de Andrada e Silva, que foi um dos precursores do espiritismo no Brasil. Depois fomos ao Laranjal, bairro ribeirinho à Lagoa dos Patos, onde paramos na Praia do Valverde. Linda. No retorno fui apresentado à Rua das Traíras (nome dado por motivos óbvios) e logo após visitei o 1º marco da República Piratini , proclamada por Bento Gonçalves à época da Guerra dos Farrapos.

Para encerrar com chave de ouro minha estada ali, me levaram para assistir parte do treino do Brasil de Pelotas, o time do povo, e fomos a bordo de um Opala 1972 IM-PE-CÁ-VEL ouvindo tangos num toca-fitas da época, começando por Camiñito, depois Garufa, Uno, Cambalaches e outros bichos. Daí voltei a Porto Alegre, jantando em Tapes (RS). Foi uma estada memorável.

Na sexta-feira fui fazer um tour sentimental em Porto Alegre, e para completar o banho cultural fui assistir ao filme “O Caso dos Irmãos Naves”, baseado em um fato real ocorrido em Araguari (MG) em 1937, em plena ditadura de Getúlio Vargas, quando dois irmãos foram presos, torturados e obrigados a confessarem um crime que não cometeram. Um clássico da sétima arte nacional. Esse filme fechou a Mostra de Cinema “Getúlio Vargas do Brasil – da Vida para a História”, exibida na Sala Dante Barone da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul.

Nessa minha estada na República do Rio Grande pude adicionar ao meu arquivo d’alma vários conhecimentos e conceitos novos, e me tornei um culto curto melhor (não é, João ?). O João Vargas me entronizou na alta intelectualidade de Porto Alegre.

É muito importante ser frisado aqui que Porto Alegre toma café, almoça, janta, respira e transpira CULTURA ! A efervescência e amplitude de seu leque cultural é admirável e de tirar o fôlego. E o principal é que quase tudo é gratuito. Se em todo o país houvesse apenas parte de tudo isso, já seríamos uma Sorbonne a céu aberto.

No sábado fizemos, como bem disse o João, o rescaldo das nossas conversas, fomos levar a Vulcan do João até o Pasetto, que é o melhor mecânico do mundo do Rio Grande do Sul, fiz outro tour mais do que sientimental lá pelas bandas do Partenon, embora desta feita casual, e iniciei meu retorno.

Foi realmente uma jornada memorável, inesquecível e necessária, uma mistura muito particular de sentimentos com saldo mais que positivo.

Ao amigo João Vargas, companheiro de fé, as minhas reverências e meus sinceros agradecimentos a ele, à Touanda e à Paloma, suas filhas queridas, que me receberam e me trataram com tanta fidalguia. Jamais poder-lhes-ei retribuir o bem que me proporcionaram. A vocês a minha gratidão. Sei que me suportar por mais de meia hora não é fácil.

Agradeço também ao casal Walter & Lucy Salazar de Pelotas, pela amabilidade e recepção soberba.

Quero também deixar aqui um agradecimento especial ao pessoal do Cruzando Sul M.C. e do Clã Destino M.C. de Porto Alegre pela especial acolhida a mim dedicada.

Registro aqui especialmente a atenção e o carinho do Jandir e do Rogério do Motoclube Quelônios, que vieram de Portão especialmente para me darem um abraço e jantar comigo, com o João Vargas e os companheiros do Cruzando Sul M.C. .

A julgar pelo clima e pela beleza dos dias e noites em que lá estive, creio que Porto Alegre deva ter ficado feliz em me rever, e eu idem, principalmente por eu ter decifrado minha antiga esfinge.

E que Deus abençoe e ilumine a todos.

Marcão, em 18 de agosto de 2.004.

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