VII Festival do Japão

25-06-2004 00:00

Aos Nikkeis, Sanseis, Nisseis e ocidentais em geral

O domingo, 25 de julho, amanheceu com um sol lindo de inverno com a contrapartida de um frio intenso, o que nos dava a garantia de um dia aberto, sem chuvas. Por volta das 12:30 hs Fatiminha e eu nos encontramos com o Marco Antonio no Posto Julieta, em Guarulhos (SP). Daí pegamos a Rodovia Presidente Dutra e rumamos ao VII Festival do Japão, que aconteceu no páteo da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, no Parque do Ibirapuera, na capital de São Paulo, atendendo a um convite especialíssimo do Tony, mais conhecido no bairro da Liberdade como Tony Gump.

Chegando ao Parque do Ibirapuera o Marco Antonio, que acha sempre que está perdido, telefonou à Sueli que gentilmente veio até onde estávamos e nos guiou até um lugarzinho especial para estacionarmos as motos, pois a dificuldade para se estacionar estava grande na região. Lá conhecemos o Reginaldo, um flanelinha de responsa, um figuraça simpaticíssimo que transformou seu próprio carro em capaceteria móvel para o conforto do pessoal de duas rodas. Gente fina, o Reginaldo. Mais uma das boas indicações da Sueli.

Ao entrarmos no recinto do festival nos sentimos em Tókio, Osaka ou Hong Kong, pois era um mar de gente ... uma lotação impressionante e muito ordeira, sem tumulto algum. De passagem dei uma breve palavrinha com o Pateta, pois naquela hora seria impossível parar, pois a multidão nos teria levado de roldão.

Como visitar as várias barracas nos seria impraticável àquela hora, resolvemos ir para a grande praça de alimentação, porque nossa fome era já transatlântica. Lá chegando chegamos a pensar que passaríamos fome, pois os lugares nas imensas filas eram disputados quase que a tapa ! Fomos salvos pela Sueli que providencialmente descolou uma brecha numa das filas e pudemos petiscar um ante-projeto de tempurá, tamanho PP infantil (não é, Marco ?).

A praça de alimentação, nessa altura do campeonato, mais parecia a invasão de Okinawa ... estávamos cercados por todos os lados por nikkeis, sanseis, nisseis, sushis, sashimis, sakês, manjus, yakissobas e o escambau. E a gente tentando um espaço para comer algo mais substancioso, até que conseguimos uma fila meio pequena para comprarmos um bom yakissoba.

Um pouco antes disso a Sueli conseguiu chegar perto de uma bandeijinha com sushi, e se atracou com ela de uma forma tão eloqüente, pois era a última, que a japonesada teve que se render à determinação da vale-paraibana.

Mas para se comer yakissoba com sushi decentemente há que se obter um mesa ... então a Fatiminha (the flash-woman), como um corisco, gritou: BANZAI ! E se atirou sobre uma mesa que estava sendo liberada. Foi um assombro ! Os japoneses pensaram estarem diante de um novo ataque a Pearl Harbour. Daí nos refestelamos para degustarmos a fina flor da culinária oriental, regada a brejas e refrís. Relaxamos, falamos mal de todo o mundo e mandamos bala num excelente manjú fresquinho de sobremesa. Divino !

Nessa hora minha bexiga deu o ar da graça e, acompanhado do Marco Antonio, fui ao banheiro. Que epopéia felliniana !!! Chamar aquilo de banheiro seria uma condescendência desmedida ... a fila dava voltas, os “banheiros” eram de pó químico mas sem o pó químico, e o “aroma” que pairava no ar faria com que o Rio Pinheiros em épocas de estio parecesse um manancial de Chanell nº 5.

Nessa altura recebemos telefonema da família Morcego nos informando que, devida à superlotação do evento, eles abdicariam de comparecerem. Então chegaram Márcio Carioca & Denize, o que nos deixou muito felizes, e logo após ligou o Eduardo dizendo que ele a Paula estavam a caminho. Muito bom, a família estava aumentando.

Enquanto a Sueli e a Fatiminha foram ao “banheiro”, o Marco Antonio tomou uma cerveja com efeito colateral ... é que dentro da lata, segundo o próprio bebedor, havia uma abelha, ou um pivô de alguém, ou uma bala perdida, ou os sete pecados capitais... e o vivente deu uma engasgada oceânica, o que provocou uma grande chuva de cereal choco que saía da boca, do nariz, das orelhas e da alma do Easy Rider, lavando toda a comunidade nipônica da Grande São Paulo. Era um tal de nikkei, sansei, nissei e não sei abrir guarda-chuva, por capas e casacos... saiu até no INFOTEMPO. Foi uma chuvarada de emborcar o Poseidon.

Depois de serenada a borrasca fomos encontrar o Tony Gump, meu companheirão de viagens transandinas, que estava participando do evento como contador de histórias para a criançada. E estava a caráter, todo paramentado como um “autêntico”samurai brazuca. Quem nos levou à barraca onde estava o Tony, foram o Carioca e a Denize, porque naquela muvuca toda ficaria difícil encontrar seja lá quem fosse. Fizemos as merecidas reverências ao Tony com direito a fotos, marquei com ele uma reunião para a sintonia fina de nossa próxima viagem a todo o Mercosul, e nos despedimos do Márcio Carioca e da Denize que precisavam ir-se embora.

Daí, considerando que o evento estava mais vazio, resolvemos circular pelas barracas e pudemos tomar um pouco de contato com as milenares e apaixonantes cultura e arte orientais. Admiramos várias maquetes de lindos pagodes, que são edificações típicas da Ásia; admiramos a arte do ykebana, que é a dobradura artística em papel; vimos pinturas, colagens, incensos, etc.

Tomamos conhecimento dos 7 mandamentos do Bushido (bushi = guerreiro , do = caminho), que é o Código de Honra do Guerreiro Samurai, que são: 1-Honra (Meiyo), 2-Coragem (Yuu), 3-Cortesia (Reigui), 4-Benevolência (Jin), 5-Lealdade (Chuugui), 6-Justiça (Gui) e 7-Sinceridade (Makoto). Do Budismo herdou o desapego pela vida e a coragem de encarar a morte; do Confucionismo, a relação com a sociedade e a importância do nome da família; do Shintoísmo, a lealdade tão importante para o samurai. Se o nosso triste presidente tivesse apenas parte disso, nós seríamos mais felizes e seríamos respeitados.

Pudemos ver também, e bem de perto, um autêntico Mikoshi, que é um templo Shintoísta portátil sobre um andor, dentro do qual o Deus Shintoísta é levado para as peregrinações nos ombros de vários homens, por ocasião das festas religiosas. Para finalizar, num espaço ao ar livre, assistimos à representação de um grupo teatral de artes marciais. Muito bom.

Daí começou a esfriar muito, e como a feira já estava no final e o Marco Antonio tinha o compromisso de um atendimento dominical (chique, não ?), fomos para o estacionamento onde o Reginaldo nos aguardava com os nossos capacetes. Conversamos um pouco ali, fomos sabedores de que o Reginaldo aniversariava nessa semana, e como a Sueli iria comboiar o Marco Antonio em parte do caminho de volta, nos despedimos, e Fatiminha e eu ficamos aguardando o Eduardo e a Paula, que chegaram logo depois.

Batemos um excelente papo, falamos mal de todo o mundo novamente, o Eduardo e a Paula nos trouxeram uma grande quantidade de anéis de latas de alumínio para o Hospital do Câncer Infantil de São Paulo, bem como uma toalha da NASA para entregarmos ao Tony, a qual fará parte da bagagem rumo ao Mercosul.

Daí iniciamos nosso retorno e seguimos juntos por boa parte do caminho. Chegamos todos bem, felizes e com as almas lavadas em shoyo e sakê.

Ao Tony, obrigado pelo ótimo convite; ao Marco Antonio, Sueli, Márcio Carioca, Denize, Eduardo e Paula, gratos pela deliciosa companhia; ao Morcegão & Morceguinha, obrigado pela consideração; ao Reginaldo, parabéns e muitos anos de vida nos aturando, e gratos principalmente a Deus pelo magnífico dia, pela saúde e pela possibilidade de amigos tão especiais.

Ci vediamo presto. Abbracci.

Marcão, em 26 de julho de 2.004.

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