Motos de Noel 2006

21-12-2006 11:03

Na quinta-feira, dia 21 de dezembro, o Luizão (Paesano M.C.) me confirmou que o Motos de Noel, edição 2.006, aconteceria meio que de improviso por conta de afazeres, compromissos e atribulações próprios das épocas natalinas, por parte dos motociclistas que costumeiramente se envolvem com este evento.

Apesar de sabermos de antemão de que o quorum seria reduzido, ficamos felizes por podermos levar a efeito o Motos de Noel 2.006, e trabalhamos com afinco e rapidez para mantermos de pé essa idéia maravilhosamente fraterna e solidária que nasceu pelas mãos dos integrantes do Paesano M.C. de São Paulo – SP, mormente o Luizão, o Zizare, o Mário Pinto e o Tirano, coadjuvados pelo Chico, pelo Márcio Carioca e por mim, isso nos idos do ano de 2.004, e ficaríamos muito tristes caso neste ano houvesse uma interrupção, pois todos temos a pretensão de que o Motos de Noel venha a se tornar uma tradição, em benefício de crianças carentes, doentes e/ou com necessidades especiais.

Neste ano de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2.006, ficou resolvido que visitaríamos e levaríamos presentes e carinho para as crianças internadas no Hospital Auxiliar de Cotoxó, que é uma extensão complementar do Hospital das Clínicas de São Paulo, voltado principalmente à oncologia infantil e geriátrica, e também à crianças com necessidades especiais congênitas e adquiridas. Esse hospital se localiza na Vila Pompéia, na capital de São Paulo.

Seguindo o combinado, saí de Guarulhos (SP) no dia 23 de dezembro às 13:00 hs já sob chuva leve. Na altura da Ponte da Casa Verde sobre a Marginal do Rio Tietê já em São Paulo, a chuva cessou dando lugar a um sol meia-boca mas reconfortante, afinal quando não se tem tu, vai tu mesmo.

Cheguei no ponto de encontro, no início da Av. Sumaré, e esperei pouco até a chegada do Luizão, que estava preocupado com um vazamento do óleo da transmissão primária pela junta da tampa externa da embreagem de sua HD Sportster 883. Tentando acalmá-lo eu lhe disse ser aquilo uma redundância, pois quem fala em HD pressupõe vazamento de óleo, ou ao menos deveria. Além disso, assim como aquela menina que urinava copiosamente, pode ser que sua HD estivesse chorando por onde sentia mais saudades.........

De lá seguimos para o Hospital Auxiliar de Cotoxó, onde na porta encontramos com a Renata, a Carolina, o Pablo Issao, a Karina e o Ian, que iria funcionar como o “duende de Papai Noel” (será que existe isso ?). Separamos e arrumamos os presentes no passeio público mesmo, pusemos os gorros de Noel e ficamos aguardando o Carlos Henrique, outro motociclista amigo que, mal chegou, já foi vestindo a indumentária de Bom Velhinho.

O Luizão também se vestiu de Papai Noel, ou quase, pois amedrontada com os fartos glúteos do gajo, a calça não lhe entrou, e ele foi assim mesmo, como um improvável Papai Noel fashion vestindo jeans délavé. Ou ainda como um Papai Noel centauro, pois o era somente da cintura pra cima.

A distribuição de presentes começou ali na rua mesmo, antes de entrarmos no hospital, pois algumas crianças carentes que por ali passavam pediram presentes ao Papai Noel, e não nos fizemos de rogados... essas crianças ganharam presentes e estamparam um sorriso compensador em seus rostinhos.

Alguns funcionários do hospital nos recepcionaram e nos orientaram para que a rotina de procedimentos não fosse quebrada, e assim nos dirigimos aos quartos onde as crianças ficam internadas.

Fomos de quarto em quarto distribuindo os presentes, brincando, dando um pouco de atenção e carinho a cada criança ali internada, e não pudemos deixar de notar que cada uma delas tinha a companhia de um familiar, e que todas elas certamente são carentes.

Todas essas crianças de tenra idade sofreram e sofrem muito, mas muito mais que todos nós já sofremos até hoje, ainda que somadas nossas agruras. E ainda muitas vezes temos o desplante de reclamarmos e de ficarmos a lamentar por conta de coisas banais. E no meio dessas crianças que resistem bravamente a doenças que as fazem sofrer de forma absurda, pensei em várias pessoas que conheço e que deveriam visitar a ala infantil de algum hospital semelhante a esse, para entenderem um pouco do que é a vida real, deixando, quem sabe, a arrogância e a prepotência um pouco de lado.

Terminamos a visita nos despedindo de cada uma das crianças, dos funcionários do hospital e saímos pela ala de geriatria. Ganhamos a rua muito emocionados e ainda sob o impacto da generosidade totalmente gratuita dessas admiráveis crianças que conseguem tirar do meio de tanto sofrimento muitos sorrisos, carinho e agradecimentos para nos presentearem.

Ali nos despedimos e nos dividimos em dois blocos: o pessoal foi distribuir os brinquedos que sobraram para crianças de rua que infelizmente proliferam nos semáforos (farol/sinaleira) de São Paulo, e eu acompanhei o Luizão até a Izzo HD, concessionária em São Paulo, para que o mesmo tentasse solucionar ainda que paliativamente a incontinência oleaginosa de sua moto. Mas como lá não foi possível devido ao adiantado da hora, o Luizão resolveu tentar ir ao Johnny Wash como último recurso, e eu peguei o caminho da roça para casa.

Chegando à Av. Pacaembu, Papai Noel já me presenteou com uma borrasca diluviana que umidificou até o certificado da moto, e essa chuva forte, potente, viril e mau humorada me acompanhou de forma intermitente até minha casa.

E chegamos todos bem a nossos lares, com nossas almas lavadas e enxaguadas na fraternidade, no amor, no carinho, na solidariedade e nos rostinhos alegres daquelas bravas crianças, e nos olhares de gratidão de seus familiares.

Quero aqui agradecer a todos os que puderam comparecer, aos queridos companheiros que estiveram conosco em pensamento e em intenção, e principalmente a Deus pela especial generosidade de me proporcionar mais essa inesquecível oportunidade e por me permitir ter uma família e tantos amigos, todos com corpos perfeitos (ou quase) e com muita saúde.

Nesta edição do Motos de Noel nos foi possível comparecer em 8 pessoas e em apenas 3 motos e 2 automóveis, mas no próximo ano tentaremos obter mais adesões para viabilizarmos uma caravana e um comboio bem maiores, com novos participantes e o retorno dos que já participaram em outras edições e que não puderam estar nesta, pois a sensação resultante é tão gratificante, que na verdade os presenteados somos nós.

Agradeço especialmente ao Luizão, ao Tirano, ao Zizare e ao Mário Pinto, todos do Paesano M.C. de São Paulo, que me convidaram para o 1º Motos de Noel em 2.004. Vocês são mesmo especiais, e me deram esse presente mais especial ainda.

A todos um Natal porreta e um 2.007 com menos hipocrisia, menos falsidade, menos maledicência, menos mau caratismo, menos bandalheira do comando dos destinos desta nação e outros bichos.

E que nos próximos anos cada um de vocês também possa ter a felicidade de arrancar um sorriso frouxo de uma criança doente e/ou carente. Faço-lhes aqui um solene convite: visitem hospitais, orfanatos e abrigos... e não só na época de Natal.

Que todos tenham muita saúde para me aturarem, e estejam com Deus.

Marcão, em 25 de dezembro de 2.006.

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