Marcão, Parte IX – O Retorno (Aparecida, SP)

21-07-2005 10:52

Na quinta-feira passada, dia 21 de julho, dei uma olhada triste para minha moto num canto da garagem, toda coberta de pó... e me deu um nó na garganta.
Na sexta-feira passada, dia 22 de julho, resolvi dar um bom banho na moto, pois uma guerreira como ela merecia esse carinho e muito mais.
No sábado, dia 23 de julho, esgotei a gasolina velha do tanque da moto, coloquei gasolina nova e... de repente, o estalo ! Resolvi em um segundo que meu retorno ‘a moto e ‘as estradas seria, como foi, no dia seguinte, domingo, dia 24 de julho. E quis que esse retorno se desse em grande estilo, numa viagem a Aparecida (SP) e trafegando pela Rodovia Presidente Dutra, justamente a rodovia na qual sofri o acidente há pouco mais de 4 meses. Tinha que ser, como foi, como que uma catarse, tal qual benfazeja unção a expurgar para sempre os fantasmas maléficos, os miasmas deletérios que rondam os prazeres tentando se apossarem de suas almas.
Eu sabia ser essa uma atitude intempestiva, até algo irracional, mas prá mim a vida só vale ‘a pena se for calça de veludo ou bunda de fora. Então comecei a ligar para os velhos companheiros de estrada, eu supunha. Com alguns não consegui contato; outros realmente não poderiam me acompanhar, e muitos declinaram do convite que, certamente, não teve a menor importância para as pessoas, mas se revestiu de um significado todo especial para mim, entre outros, pelo fato de ter havido a possibilidade real de eu nunca mais poder voltar a pilotar uma moto. Por isso eu quis estar com algum dos companheiros de fé.
E assim, considerando a “grande adesão” que teve este meu retorno ‘as estradas por parte dos queridos companheiros, no domingo passado, dia 24 de julho, saí em vôo solo com a Fatiminha na garupa rumo ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.
Confesso que me doeu um pouco tomar consciência de que, infelizmente, mais do que nunca o grande esforço de economia que dispendi durante parte de minha vida para poder comprar uma BMW, se revelou um grande acerto, pois como as evidências denunciaram-me que, principalmente daqui para a frente, viajarei sozinho na grande maioria das vezes, nada melhor que poder contar com uma moto extremamente confiável para isso.
Tomamos o tradicional café-da-manhã no posto da Rodovia Ayrton Senna, fizemos um pipi-stop no Vaca Preta em São José dos Campos (SP) e nos embrenhamos no Vale do Paraíba com a brisa da manhã a fazer cafuné em nossas almas.
É... no final das contas acho que esse meu retorno, esse meu reencontro com meus fantasmas, minhas neuroses (tantas!), meus traumas e tantos outros erros e vícios teria mesmo que ser assim a sós... eu, a moto, a estrada e a solidão de quem diz o que tem que ser dito. E assim foi. E contrariando todas as previsões, umas técnicas, outras nem tanto, viajamos sob céu de brigadeiro todo o tempo.
Já no perímetro do Santuário agradeci pelo fato de eu poder estar novamente “na ativa” depois de um longo e tenebroso inverno, e acendemos velas, assistimos missa e rezamos pelo bem dos nossos queridos amigos e dos meus queridos inimigos. Enfim, fomos dar um “oi” prá Cidinha !
Aproveitamos a ocasião e, devidamente paramentados, levamos o Brasão e as cores do Brazil Rider´s para receberem uma bênção especial. Agora nosso Brasão e nossas cores já estão devidamente bentos pela Padroeira do Brasil, ou seja, estamos bem com o pessoal do andar de cima. Não sei se alguém da Irmandade já havia tomado essa atitude antes. Mas em caso afirmativo não há problema, pois este é um caso típico em que o que abunda não prejudica.
E após um almoço meia-boca já em meio ao início do retorno, fizemos a viagem de volta com o sol já a meio pau e encontramos com muitos motociclistas. Cara, que bom me sentir vivo novamente !
Já próximo da Grande São Paulo começou a baixar uma leve e fria bruma para deixar bem claro que, embora tenhamos tido o sol nos aquecendo por todo o dia, estamos no pico do inverno. E chegamos em casa “ambos os dois” com as almas lavadas e enxaguadas na reverência, na celebração e no enaltecimento da vida e do sonho. E então está dito: para o bem e para o mal estou novamente na área, e atacando em várias jurisdições.

A todos muita paz, abraços e beijos.

Marcão (motociclista sem fins lucrativos), em 26 de julho de 2.005.

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P.S. 01 – Gau, meu querido: muito em breve te farei outra visita aí em Palhoça (SC), pois agora já posso novamente cavalgar até aí. Abraço forte.

P.S. 02 – Aninha: Embora você esteja me negligenciando um pouco, tenha a certeza de que estaremos, nem que seja apenas a Fatiminha e eu, no teu evento em agosto próximo em Caxambú (MG). Um beijo.

 

 

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