Expedição à Casa do Gau - Palhoça - SC

06-02-2005 10:47

  No dia 06/02/2005, um domingo de sol, conforme eu havia combinado com o André Tadeu do Bravos M.C, de São Paulo, nos encontramos no 1º posto da Rodovia Castello Branco, pois este seria o ponto de partida para a nossa Expedição à Casa do Gau, em Palhoça (SC).

Cabe aqui esclarecer que saímos pela Rodovia Castello Branco pois havíamos projetado o itinerário por Itapetininga, Itararé, Jaguariaíva, Castro, Ponta Grossa (a cidade preferida do Clodovil), até Curitiba, e dali em diante pela BR-101, pois tivemos a informação de que, devida à queda da ponte na Represa do Capivari, a BR-116 estava com interrupções intermitentes, e isso seria um saco, além do que apreciamos situações novas.

Chegando ao ponto de encontro tive uma grande e grata surpresa, pois o André estava com toda a linha de ataque do Bravos F.C., ou seja, acabamos viajando em 5 (cinco) motociclistas: André Tadeu, Claudião, Álamo, Marcelo e eu. Essa viagem já começou bem, e saímos às 7:30 hs com muito apetite de estrada.

Em Itapetininga (SP), num pit stop para reabastecimento e mijadas oceânicas, o “motociclista desconhecido” se juntou ao grupo e viajamos até Itararé (SP) com um 6º homem. No trevo da cidade ele nos acenou e sumiu. Isso só acontece dentro do motociclismo.

Em Itapeva (SP) cruzamos por sobre o Rio Verde, que é mesmo muito lindo. Deu vontade de parar e entrar de roupa e tudo no rio. O Claudião nos disse depois que ali ele já nadou muito e pegou muito pacu (não poderia ser pa outra coisa ?).

Em Jaguaraíva (PR) o rio do mesmo nome corta transversalmente a cidade, numa sucessão de pequenas quedas d’água que formam um visual deslumbrante. Aliás, toda a região entre Itapetininga e o norte do Paraná é cortada por rios e córregos cujos leitos são constituídos por grandes pedras lisas sem muitas arestas, como se fossem lajedos cuidadosamente colocados ali por algum artista, mas foram mesmo esculpidos pela natureza, que fazem com que haja em seus cursos pequenas quedas d’água e mantém suas águas límpidas. Como diria Atahide Patrese, “São simplesmente um luxo”.

Seguindo Paraná abaixo passamos por Castro, uma linda cidade histórica onde está situado o Canyon Guartelá, no parque de mesmo nome. Pena que não pudemos parar e visitar tudo isso. Ficará para uma próxima vez, que certamente acontecerá logo.

Daí rumamos para Ponta Grossa e lá pegamos uma BR à esquerda até Curitiba. Em todo esse trecho inicial e alternativo da viagem fomos brindados com um visual magnífico, e apesar de aumentar o percurso em 250 km, vale muito à pena.

Chegando em Curitiba a gente não sabia como fazer para chegar até a saída para a BR-101, pois teríamos que atravessar a cidade. Daí o André encontrou e parou na rua um motociclista com uma bela Honda Hornet 600 T, e perguntou a ele qual direção deveríamos tomar, e o novo companheiro fez muito melhor, pois nos guiou por toda Curitiba até a saída para Florianópolis (SC). Esse figuraça simpático, gentil e fera nas 2 rodas é o Ricardo, um pernambucano que mora em Curitiba e, como gosta pouco de motos, tem apenas 3 delas. Valeu, Ricardo... a gente se vê pela estrada.

Felizmente nesse grupo não teve ninguém estressado, e fizemos toda a viagem e as paradas de forma tão tranqüila, que anoitecemos ainda na estrada, e o Álamo (o rapaz do feijão de plástico), fez questão de não trocar a viseira do capacete na parada derradeira, quando seria o ideal, apenas para termos que parar depois à beira da estrada, e assim retardamos um pouquinho mais a viagem.

Chegamos na casa do Gau com a noite e a fome pegas, e o Gau e a Chayenne (filha), como sempre, nos aguardavam com um pequeno banquete: casquinhas de siri e um tagliarim ao molho de lombo defumado e queijos. São especialidades do Gau, que é um mago dos temperos e especiarias. É muito bom até quando não se está com fome.

Daí, com a fome nocauteada, parte do grupo foi dar uma volta de reconhecimento, e o restante do pessoal foi descansar dos 960 km.

Na segunda-feira o André, o Álamo e o Marcelo foram conhecer a ilha de Florianópolis, e o Gau, o Cláudio e eu fomos na vila dos pescadores buscar ostras e mariscos. O Gau e eu aproveitamos o tempo também para discutirmos e arredondarmos um pouco mais nosso projeto de viagem para a Europa, África e Ásia, que se chamará “O Grande Desafio”. Aproveitamos o embalo para também começarmos a dar forma à nossa viagem de aquecimento do Grande Desafio, que será para a Bolívia, Peru, Chile e mais alguma coisa, caso seja possível.

Daí chegou o Roberto, um grande amigo e grande irmão do Gau, e que mora em Calgary, no Canadá. Foi muito bom conhecermos também o Roberto.

À tarde chegaram os exploradores da ilha cheios de história prá contarem. O André ficou igual a um camarão, ou à camisa do Inter. É que o calça-branca tomou sol em excesso sem proteção. Houve também uma estranha história de 3 motociclistas de São Paulo que, na ilha, deram uma de moto-taxi e sobrou para o Marcelo levar o Bob Marley. A cada freiada a cabeleira do Bob cubria o Marcelo todo, e todos cantavam o refrão: “It’s gonna be all right”.

Daí o Gau começou a preparar peixes, ostras, camarões, mariscos e saladas, pois logo chegariam alguns motociclistas do Paraná e de São Paulo que estavam hospedados na casa do Luiz Alberto (Fofo).

Logo que o pessoal todo chegou, começou a comilança regada a muita breja e a um ótimo papo motociclístico, que rolou até às tantas. Foi uma noite memorável onde todos se divertiram muito e podemos todos fazer novas velhas amizades em volta de uma mesa bem farta, como sempre acontece na casa do Gau. Certamente nunca conseguiremos agradecer suficientemente ao Gau e à Chayenne, nem mesmo lhes retribuir essa hospitalidade 10 estrelas com que eles sempre nos brindam. Obrigado, Gau. Obrigado, Chayenne.

Na terça-feira de manhã, como a raça não acordava, fui fazer o papel de despertador, pois o Cláudio e o Álamo tinha que voltar para São Paulo, e acabaram saindo por volta das 10:00 hs. Ligaram à noite pra dizer-nos que tinham chegado bem e que a Regis Bitencourt estava em estado razoável. O Cláudio “Corisco” e o Cláudio “Bala” fizeram uma boa média de velocidade.

No meio do dia o Gau, grande mestre-cuca, foi fazer o rango enquanto o papo rolava solto sobre assuntos profundos e importantes, tais como óleos lubrificantes, fórmulas pra não se estressar com motociclistas budões, segredos do Aquavit, além de assuntos menores como a vermelhidão do André, a vida no Japão (pelo Prof. Marcelo), problemas do sistema fiscal brasileiro, etc. Também com tanta cerveja e cachaça ...

À tarde o Marcelo e o André foram para a ilha novamente, e o Gau e eu passamos a aprofundar o planejamento para o nosso Grande Desafio, que agora está assim definido: em 2006 (se tudo se confirmar) passaremos por 72 países (estados soberanos) de 3 continentes – Europa, África e Ásia.

Como nós somos gente fina, jantamos tarde, e hoje o Gau detonou na culinária, pois preparou rapidinho e com esmero um maravilhoso peixe assado com molho de camarão e alcaparras, e um arroz divino, cozido na água do próprio camarão. Coisa de gourmet ! E saboreamos tudo discutindo sobre os destinos da humanidade e discorrendo sobre a influência dos urubus na navegação aérea brasileira.

Na quarta-feira acordamos um pouco tarde (efeito cachacístico). Por volta das 10:30 hs o Marcelo pegou estrada no rumo de São Paulo. Daí fui com o Gau adaptar uma arruela de alumínio no bujão do cambio da minha MZ. O André foi conhecer Santo Amaro da Imperatriz e a Guarda do Embaú, e o Gau e eu passamos a definir a viagem de aquecimento que antecederá o Grande Desafio: iremos mesmo para toda a Bolívia, sul do Peru (Machu-Picchu), norte do Chile (Atacama), norte da Argentina (Salta) e talvez Paraguay, para tomar uma buena caña.

Mais tarde chegou o Paulo Aires, nosso consultor para assuntos ligados à Rússia, Portugal, Chipre e Emirados Árabes. Conversamos bastante a respeito de várias coisas ligadas ao nosso Grande Desafio, tais como clima, temperaturas, idiomas, estradas, cambio, mapas, etc. E o Paulo ficou de nos dar um bom apoio dentro do que estiver a seu alcance. Foi uma conversa bem proveitosa, e também foi muito bom rever esse fugurinha carimbada. Valeu, Paulo.

O André voltou maravilhado de sua excursão, e num estado etílico brabo. Daí jantamos na paz do Senhor e fomos dormir, pois pegaríamos estrada para São Paulo na manhã seguinte.

Na quinta-feira acordamos cedo, tomamos um bom café-da-manhã e pegamos a BR-101 no rumo de casa. A estrada estava com a pista razoável, com tráfego leve e com céu de brigadeiro. Fizemos boas paradas e o percurso foi feito com altas médias de velocidade e sem nenhuma ocorrência digna de nota.

Foi mesmo uma expedição perfeita. A hospitalidade do Gau e de sua filha Chayenne é digna de registro, e além disso, estando lá, pudemos privar da convivência com alguns dos Brazil Riders. Em termos motociclísticos, a casa do Gau é o “olho do furacão”. Queremos agradecer muito ao Gau, meu irmãozinho, por nos permitir estar em sua casa e por nos proporcionar uma hospedagem régia.

E que Deus nos conceda a ventura de estarmos juntos em mais um sem número de eventos. Até lá.

Marcão, em 12 de fevereiro de 2.005.

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