Buenos Aires num Dilúvio

A Buenos Aires num Dilúvio

04/11/2004

Ontem acordamos cedo e fomos telefonar para reservarmos hotel em Buenos Aires, coisa que recomendamos seja feita previamente visando hospedagem em qualquer cidade média ou grande. Evita transtornos e é mais seguro.
Saimos de Mar del Plata com um tempo de mau humor, muito frio. Poucos kilometros adiante uma chuva boa nos pegou. Foram 100 km de chuva forte e muito frio.

Daí prá frente, pelos 280 km seguintes, fomos apresentados à uma tempestade austral. É uma coisa medonha, fica tudo cinza chumbo, a visibilidade cai para poucos metros, a água desce com vontade e os ventos laterais sao inacreditáveis.

No meio dessa fúria aquática paramos por duas vezes para aquecermos um pouco o corpo nos postos climatizados, com auto-massagens e chocolate quente, pois alí havia um risco real de hipotermia. Aí estaria tudo danado! Nossas super-roupas "impermeáveis" fizeram água novamente, e novamente ficamos ensopados até a alma.

Novamente e mais do que nunca fomos salvos pelas blusas da Fatiminha, pelas polainas para manoplas e para os pés, pela fucinheira de neoprene e pelas luvas cirúrgicas. Sem isso provavelmente nao teria sido possível. E mais uma vez tive a prova de como é bom se ter uma moto com aquecimento de manoplas.
Este trecho foi realmente um sufoco, uma provacao. Se dúvida nao é para principiantes.Por algumas vezes deu vontade de parar no acostamento, esperar passar a Arca de Noé e pedir-lhe carona.

Para chegarmos a Buenos Aires rodamos um total de 430 km nesse trecho, e os 50 km finais já foram de chuva mais leve, e chegamos à capital porteña já sem chuva, mas com muitos ventos e muito frio.

De Mar del Plata a Buenos Aires viemos pela Ruta 2, uma autopista magnífica, sem detalhes. Essa estrada é tao boa que, mesmo em meio ao temporal, nos foi possível manter a média de velocidade entre 100 e 120 km/h. Essa autopista tem a drenagem perfeita, coisa de país desenvolvido.

Chegamos e nos extasiamos com Buenos Aires. Por que? Ora, porque Buenos Aires é Benos Aires. Uma cidade com categoria, bela, chique, sofisticada sem ter frescuras.

Nos instalamos no Central Park Hotel. E que hotel, muito bom. Está localizado ao lado da Plaza de Miserere e defronte da Estación de Ferrocarriles 11 de setembre, em El Once, que fica a uns 2 km da zona central da cidade de Benos Aires. Considerando-se a estacao e o aspecto geral das cercanias, lembra um pouco o Brás, em Sao Paulo (SP). Interessante poder conhecer outros aspectos da cidade.

Parece incrível, mas nao batemos cabeca nenhum pouquinho para encontrar o hotel, pois sem querer demos de cara com a calle Bartolomé Mitre. Daí foi tranquilo. Entao limpamos nossas coisas, penduramos as roupas encharcadas e fomos jantar depois de um banho bem quente para normalizar a temperatura corpórea. Daí um soninho mais que merecido.

05/11/2004

Fomos comprar logo cedo as passagens para o Buquebus que nos levará amanha para Colonia de Sacramento, no Uruguay. Pegamoa a linha "B" do metro que tem um comboio antigo mas eficiente. Me lembrou os antigos trens da Leopoldina e da Alta Araraquarense em Sao Paulo. Descemos na última estacao e fomos ao Terminal de Buquebus.

Acontece que para se comprar as passagens para as motos é necessário que se esteja com os documentos delas, e eu me esqueci do documento da minha. Entao o Tony comprou as passagens dele e voltamos ao hotel. Detalhe: Sao duas passagens para cada um, uma para a moto e outra para o piloto!
Para retornarmos ao Terminal de Buquebus pegamos dessa vez a linha "A" do metro. Imperdível! Inacreditável! É o próprio trem-fantasma! É um trem com mais de 100 anos. É muito legal e pitoreresco. Interessante, o Tony Fantasma num trem idem.

Providenciadas nossas passagens fomos conhecer um pouquinho de Buenos Aires. Logo na saída do Terminal de Buquebus, no Puerto Madero, visitamos um navio-museu, El Buque Museo Corbeta A.R.A. Uruguay, navio esse que no século XIX originou a Armada argentina. Almocamos canelone num restaurante próximo, e seguimos para La Plaza e Mayo, Casa Rosada, calle Florida, Av. Corrientes, Av. de Mayo, Camiñito e cercanias.

A calle Florida, tao famosa, é muito semelhante à Rua Sao Bento em Sao Paulo (SP), com a diferenca que ao invés de marreteiros, há bons artistas se apresentando. É uma festa!

Buenos Aires tem características bem européias. Permanece charmosa interessante. A sisudez de suas edificacoes pode, eventalmente, oprimir um pouco. Certamente permanece uma cidade imponente e aristocrática. Ainda que muitos torcam o nariz, Buenos Aires é ainda a capital da América do Sul.
Agora vamos arrumar as bagagens, verificarmos as motos e fazer as checagens visando nossa partida amanha para o Uruguay.
Boa noite, beijos e abracos,.

MARCAO y TONY

Buenos Aires, em 05 de novembro de 2004.