Ao Pé do Vulcao

29-10-2004 17:15

Me esqueci de dizer anteontem que Chillán é a terra onde nasceu Bernardo O´Higgins, o libertador do Chile, que após muita luta tirou este país do jugo dos conquistadores espanhóis.

Saimos de Santa Maria de Los Angeles um pouco mais tarde, pois o tiro de ontem seria o menor de toda a viagem, cerca de 290 km apenas. Assim, tomamos a Ruta 5 no sentido sul e fomos nos deliciando com a paisagem magnífica, tendo sempre os Andes à nossa direita.

Após uns 50 km tivemos que parar em uma praça de pedágio da Ruta 5 para nos agasalharmos, pois a coisa tava braba ¡ Muito frio mesmo. Voltamos a utilizar também as polainas de manoplas que se mostraram eficientíssimas contra o frio. Só estamos com essas polainas graças ao Joao Vargas, querido amigo do Cruzando Sul M.C. de Porto Alegre (RS).

Após algum tempo de viagem começamos a ver ao longe um grande vulcao, que pensamos ser o Villa Rica, mas depois descobrimos que era o Llaima. Logo após paramos especialmente para fotografarmos uma ponte ferroviária que cruza o Valle Malleco. Muito linda.

A partir de Traiguén, começam as extensas plantaçoes de flores, e que se estendem até ao sul de Temuco, e nessa época do ano dao um show à parte muito especial, como se fora um tapete de sonhos.

Paramos em Temuco para reabastecimento e alimentaçao, e seguimos viagem até Freire, onde saímos da Ruta 5 e tomamos a Ruta S-199, com destino a Villa Rica e Pucón. Nesse percurso fomos nos aproximando cada vez mais do Vulcao Villa Rica, inclusive paramos para uma foto especial da estrada com o vulcao ao fundo.

Quando chegamos à cidade de Villa Rica tivemos a visao extasiante do lago Villa Rica e o vulcao de mesmo nome ao fundo. Indescritível e emocionante, ainda mais levando-se em conta que esse era um dos objetivos principias dessa viagem. Nessa altura até minha febre cedeu um pouco.

Continuamos a contornar o lago com destino a Pucón, onde ficaríamos sediados por duas noites para pormos em orden algunas coisas e também para a escalada do vulcao. Chegando a Pucón ficamos maravilhados com a cidade … parece irreal de tao linda e bem arrumadinha.

As cidade de Villa Rica e de Pucón ficam em lados oportos do lago Villa Rica, e, mal comparando, se assemelham a Campos do Jordao e Gramado, com a grande diferenta de estas serem mais autenticas, mais bonitas, mais pitorescas e nao terem a frecura , o esnobismo e a afetaçao daquelas.

Nos instalamos no Hotel Kernayel, ao pé do vulcao e muito aconchegante. Delicioso lugar, onde tratamos de tomar banho, desfazer as bagagens e já fomos fazer reconhecimento da área.

Fomos ao mercado, à farmacia, tiramos algunas fotos e fomos comer num restaurantezinho típico. O Tony comeu uma lasagna, porém eu tracei uma cazuela de vacuno, espécie de sopa típica desta região, que pode ser de carne de boi ou de aves. Muito substanciosa, boa mesmo. Alí fomos apresentados ao hají, uma espécie de molho de pimenta forte e muito saboroso. De sobremesa mais chocolate, e remédio para mim (que gripe de merda ¡).

Para fazermos a digestão demos mais uma volta pela cidade, vimos um showmício e uma carreata, pois ontem foi o fechamento da campanha política daqui, cujas eleições municipais serão no dia 31 de outubro.

Daí voltamos ao hotel, guardamos as motos e fomos colocar a vida em ordem. Fiz algunas anotaçoes, arrumei algunas roupas e fomos dormir, pois os remédios chilenos se mostraram muito eficientes, e eu já me sentia melhor , sem febre e sem tosse.

Hoje pela manha acordamos cedo, pois o Tony foi para o vulcao às 7:00 hs da madrugada. Daí tomei banho, fiz alguns acertos na minha bagagem, fui tomar café e dar uma internetada.

Depois começou a chover e me afundei no quarto. Quando a chuva diminuiu fui ao “centro” da cidade para fazer alguns providenciamentos e comer. Fui a correio, fuçei alguns badulaques, e fui dar uma grande volta de moto para fezer o reconhecimento dos arredores. Essa ciadezinha é mesmo do cacete.

Quando voltei ao hotel o Tony já havia voltado. Entao fizemos a programaçao para os próximos dois dias e aquí estamos para enviar estas notícias. Agora o Tony vai passar a descrever a sua subida, ou nao subida, ao Vulcao Villa Rica.

Até mais, abraços e beijos.

La Subida en el Volcan Villa Rica

Pois é galera, hoje na cidade de Pucón arrisquei uma subida no Vulcao Villa Rica para ver de perto (na cratera) o unico vulcao ativo visitável da America Latina.
Acordei as 7hs e cheguei na agencia de turismo onde o guia nos esperava e logo foi avisando que na cratera (de 250m de diámetro) talvez nao haveria lava, e sim rochas muito quentes que causam a visao de fumaca que vemos da estrada. Esta fumaca é 90% vapor dagua e os outros gases sao acidos provenientes das rochas vulcanicas.

Depois de receber todos os equipamentos, botas, roupas especiais, luvas, etrc.. andamos 40mins de besta e chegamos a uma base onde se praticam esportes de neve com varios teleféricos e varias descidas para os praticantes de ski, snowboard e afins.
Nao havia ninguem la pois o tempo nao estava legal, mas como o tempo muda muito rapido por aquí resolvemos encarar pois poderia sair sol mais tarde.

A caminhada na neve foi tudo novo para mim, acostumado aos trekings no Brasil foi uma verdadeira aventura caminar na neve e no gelo. No inicio nen senti o frio pois a emocao era grande, aquele monte de neve um visual para la de surrealista, botas pesadas, mosketao na mao (uma especie de picareta pequena que ajuda na subida no gelo) tudo novidade!
Depois de trinta minutos senti meu rosto congelar com o vento dai resolvi protege-lo com o cachecol. Em alguns momentos a subidas eram bem ingrimes e esta é a vantagen de caminhar no gelo voce sobe rampas sem cordas, mas exige muita forca nas pernas. Estava transpirando tanto embaixo da roupa que sentia meu suor descendo pelas pernas. A calca e blusa que segurava o vento de fora tambem nao deixa nosso corpo respirar, dai voce transpira muito.

Mais uma hora em caminhada e chegamos a um abrigo e o tempo nao melhorou. Resolvemos caminhar mais uma hora ate outro abrigo para ver o que acontecia, nesta subida ja caminhamos sobre um pouco de gelo mas nao foi necessarios colocar os grampos nos pes (uma especie de garra metalica acoplada na bota), pois dava para se segurar com o mosquetao.

Chegando no outro abrigo e infelizmente descidimos nao prosseguir pois as outras 3 horas de subida para a cratera nao haveria abrigo e se o vento ficasse mais forte poderia ser perigoso nas proximas subidas que enfrentaríamos. A volta foi um pouco frustrante mas muito divertida pois a descida foi embalada no ski-bunda e as quase duas horas de subida foram consumidas em menos de 40min.

Fica aqui a indicacao para quem gosta de caminhada, pois esta esperiencia foi simplesmente fantastica e fascinante !!!

Um puta abraço,

Marcao e Tony
Pucón – Chile, em 29 – 10 - 2004

Voltar

Procurar no site

paulinhodolcepazzia@gmail.com © 2009 Todos os direitos reservados.